Com narrativa puramente conduzida pela memória afetiva, exibição do filme é gratuita
O dia para o lançamento do filme que documenta as memórias da época em que Jacareí era a capital dos biscoitos foi muito esperado pela população da cidade. No dia 28 de abril, o documentário será exibido na Sala Mário Lago, às 19h. A entrada é gratuita.
A espera para ver a história dos biscoitos mais famosos de Jacareí não foi aguardada ansiosamente apenas pelos moradores. Gláucia Faria, idealizadora do projeto, sonhou com o documentário por sete anos. “Depois de sete anos, projetos de idas e vindas, é uma alegria muito grande e um alívio também, poder ainda ter fragmentos dessa história compilada em um filme. Muito feliz, feliz com os resultados e com o feedback de quem já assistiu”, disse, complementando ainda que está na expectativa das opiniões de quem ainda vai prestigiar o filme.
O co-diretor e roteirista também expressou o sentimento em ver o projeto concluído. “Ver o filme pronto na tela grande é uma alegria e um alívio também. Tantas coisas a gente passou no processo com os personagens, a pandemia e depois de tanto tempo que estávamos querendo realizar esse projeto. Estou muito feliz”, contou Dannyel Leite.
A execução das gravações para o documentário trouxe o significado da importância do registro das memórias. Dona Adelaide, que infelizmente faleceu após as gravações, foi uma das funcionárias da fábrica de biscoutos. Ela conheceu o marido no trabalho e, assim, formaram uma família. Anitta é o fruto do amor do casal e cresceu ouvindo as histórias de amor dos pais. “O filme é de uma delicadeza, não é como um documentário comum que estamos acostumados a ver de forma científica. Lidar com memórias é difícil é expressar é mais difícil ainda, e essa equipe conseguiu contar com leveza. Agradeço em nome da minha mãe”, disse.
Todo o conteúdo da pesquisa e o próprio documentário estarão disponibilizados no site oficial. Este projeto foi beneficiado pela Lei Municipal 3.648/1995 (Lei de Incentivo à Cultura)”, com apoios da Prefeitura Municipal de Jacareí e Fundação Cultural de Jacarehy (FCJ), com o incentivo do Cartório do Oficial de Registro de Imóveis e Anexos de Jacareí.
Sobre os Biscoutos – Há muito tempo Jacareí foi conhecida – até mesmo internacionalmente – pelos Biscoutos Jacarehy. As sensações que esse quitute causou por onde passou e as memórias que
ficaram em quem viveu a época, estão documentadas no filme. A história dos Biscoutos de Jacarehy se inicia em 1899, quando o casal Amâncio e Leonor Dias fundam a “Fábrica Nossa Senhora da Conceição de Jacarehy”. Neta de ingleses, Leonor usava receitas antigas de família para produzir os biscoutos, que eram feitos de forma artesanal.
A fama saiu de Jacareí, passou por Mogi das Cruzes e quando chegou à São Paulo caiu nas graças de muitos artistas: Jair Rodrigues, Vanusa, Daniel, a dupla Tonico e Tinoco. Artistas como Mazzaropi, Hebe e Sílvio Santos faziam propaganda nos programas de TV. O neto de Indalécio Villar, que foi o último proprietário da fábrica, contou que existiam ao todo 17 tipos de biscoitos nas vendas da fábrica. “Tinha massa que demorava uma semana para fazer. Tinham três tipos de biscoitos que a massa era muito próxima: uma saia mais úmida, uma menos seca e outra mais seca. Essas eram a Flor Jacareí, a Rosquinha Doce e a Dobradinha Doce”, conta Indalécio Villar Neto.