Visitação está mantida somente no segundo andar nos próximos dias
As visitas ao Museu de Antropologia do Vale do Paraíba estarão limitadas ao segundo piso, neste mês de junho, para a realização da descupinização no local. O prazo de conclusão dependerá do andamento dos trabalhos. “Se a infestação é moderada, os trabalhos terminam em dois meses, mas se for alta, podem levar até cinco meses”, explica a museóloga Patrícia Cruz.
A museóloga destaca que, além da visitação também serão mantidas as agendas como exposições e lançamentos de livros, mas “tudo concentrado” no segundo andar. “Por enquanto, o primeiro piso estará com a movimentação permitida somente para os funcionários enquanto a descupinização é realizada”, completa.
O prédio, construído em taipa de pilão há mais de 150 anos, tem dois andares e mais um grande porão. “Começamos por baixo para impedir que o cupim avance e comprometa a parte superior do prédio”, explica o técnico da empresa SM Saneamento Ambiental, contratada para a realização do serviço, Sérgio Magno.
O cupim encontrado no Museu é o chamado Coptotermes gestroi. “É uma espécie que come tanto madeira viva quanto morta. A estrutura de taipa e madeira do prédio favorece muito este tipo de cupim”, exemplifica Magno.
Arquitetura em estilo neoclássico
Cartão postal da rua XV de Novembro, em Jacareí, o prédio, construído há 150 anos, já foi morada de coronel e escola pública até ser transformado no Museu de Antropologia do Vale do Paraíba, por meio de lei municipal, em 1980.
O prédio é de estilo neoclássico com o teto em abóbada e as colunas que sustentam o hall de entrada são em madeira, que imita o mármore. A escada e o gradil são originais, feitos com rebite, num tempo em que não era utilizado o processo de soldagem.
O prédio foi construído por escravos e em 1857 passou a ser a residência da família do coronel Gomes Leitão, no auge da produção cafeeira no Vale do Paraíba. Em 1895, foi adquirido pelo Estado para sediar a escola estadual Coronel Carlos Porto.
Em 1977, iniciou o processo de tombamento do prédio para a instalação de um museu, cuja implantação foi finalizada em 1981. Mas logo foi fechado para restauração e só abriu as portas em definitivo para o público em 1992.
Uma das dependências no segundo piso mostra sem pintura e retoques a parede de taipa de pilão, técnica utilizada nas construções daquela época. Há ainda o porão – construído para ventilar a construção e também, segundo pesquisadores, servir para esconder os escravos adquiridos no tráfico negreiro.
(Rosana Antunes/PMJ)