Em 1893, aos 31 anos, um educador chamado Lamartine Delamare Nogueira da Gama transferiu-se de S. Paulo para Jacareí, a fim de instalar um colégio que levaria o seu nome e que elevaria o nome de Jacareí à “Athenas Paulista”.
O patriarca da família Delamare, Francisco Antônio, já tinha constituído outro colégio na capital paulista, a escola Delamare, depois conhecida como colégio Paulista, mas num prédio antigo e inadequado. Disposto a tentar em novos ares, seu filho Lamartine se transferiu para Jacareí, cidade considerada salubre e laboriosa.
Em 23 de julho do mesmo ano, a escola foi inaugurada. Como era costume na época, constitui-se um internato e externato masculino, que comportava até 180 alunos, dos 07 aos 16 anos. O colégio era particular e, até onde se pesquisou, não concedia bolsas de estudo.
Possuía salas de física, química, história natural, laboratórios, biblioteca com dois mil volumes, sala de música, farmácia, enfermarias com atendimento medico, refeitório e jardins. Encanamentos de água potável e rede de esgoto não existiam na cidade, mas o Colégio já dispunha desses benefícios, além de páraraios, lavanderia e forno próprio para incineração do lixo. No pavilhão central da escola havia uma legenda: “siniteparvulos ad me” (Deixai vir a mim os pequeninos).
Seu corpo docente utilizava técnicas pedagógicas modernas vindas da Europa e sua excelência ensejou que conseguisse em 1899 ser equiparado ao colégio Pedro II, do Rio de Janeiro. O colégio passou a emitir certificado de Bacharel em Ciências e Letras, permitindo também o ingresso em Universidades nacionais e algumas estrangeiras. Dali para diante, várias pessoas do país inteiro pediram matrículas no colégio, destacando-se jovens que depois se destacariam como o médico Waldemar Berardinelli, o governador Júlio Prestes e o poeta Cassiano Ricardo.
Em 1911, uma mudança repentina. É aprovada a lei “Rivadávia Costa” que institui o vestibular. Com isso, a escola perdeu a oportunidade de dar ingresso ao ensino superior, um de seus principais atrativos. Ao contrário da história que se propagou até nós, esse foi um dos fatores que fez o colégio entrar em decadência e fechar pouco tempo depois.
Com o fechamento da escola, Lamartine Delamare trabalhou em vários empregos e também como escrevente judiciário. Anos depois, estava no Rio de Janeiro entregando currículo no colégio Pedro II quando um ex-aluno o reconheceu e o ajudou a reabrir o colégio, dessa vez na cidade de Guaratinguetá. Reaberto em 1920, o colégio tinha por obrigação agora conceder 10 bolsas de estudo para alunos de destaque do ensino público primário.
Com a morte de Lamartine em 1940, o colégio passou de mãos e viveu algumas crises financeiras. A sua última reabertura data de 1974, existindo até hoje, como ensino médio, técnico e faculdade.